17 de fevereiro de 2012

Clarinet Concerto in A major, K.622 - Adagio

Ele acordou com um susto. Procurava com os olhos saber onde estava quem adormecera ao seu lado. Olhou para janela e lá estava ela, vestida com um vestido curto, descalça, com os longos cabelos soltos, o vento soprava da forma mais agradável possível em sua face, em frente a janela, olhando a rua, os carros, as pessoas.
Num silêncio os olhares se cruzaram. Ela adiantou-se, sentou na janela e começou a falar em um tom suave:
- É tudo que eu precisava, é tudo que eu imaginei, não fosse pelas dificuldades eu nunca teria chegado, te encontrei novamente depois de 4 anos de uma procura calada. Desde aquela noite que te conheci uma pessoa morreu e uma pessoa nasceu. Morreu aquela mulher sem destino, entregada a qualquer diversão barata em um meio deslocado, aquela cabeça vazia que se preocupava com seus longos finais de semana de festas, aquela que nunca tinha planejado nada, que vivia por viver. Nasceu uma nova mulher, aspirante, porém nova, nova, que leu sobre a mulher que morreu e disse que não ia viver como ela. Essa nova mulher entrou em uma profunda melancolia por não saber como viver, como quando uma criança descobre que papai noel não existe. Ela deu seus primeiros passos, aos poucos, ela não fez muita coisa até agora. Ela leu livros, peças, ensaios, artigos talvez com a dificuldade de alguém que começou a aprender a ler, assistiu filmes, novelas, documentários, estudou como quem nunca tinha estudado antes, reaprendeu as coisas boas que a mulher anterior deixou. Ela se apaixonou, e viu que não estava com a pessoa certa, não basta só a paixão, basta talvez os planos, se apaixonar é se dedicar a pensar por si para agradar o outro, é desvendar e não criar. (então) Ela pegou um copo e encheu de um liquido: o liquido eram seus desejos mais profundos, onde a pessoa 'quase-perfeita' (quem sabe até perfeita) estaria idealizada, todos os confortos para o seu medo, toda solução para sua confusão, toda paz para sua guerra; o copo era você. Então ela finalmente tem o copo cheio em sua frente, e ela se questiona se ele não está muito arranhado ou se seus desejos transbordaram o pobre copo, ela se questiona qual parte do liquido tenha sido perdida, qual gota? qual gota? Mas ela finalmente tem o copo cheio. A vida dela está completa. Ela não quer mais se perguntar sobre o copo e o liquido, eles já estão postos, beber ou derramar vai arruinar todo o trabalho, ela vai manter a imagem do copo intacto na mente.
Ligeiramente a moça se inclinou, expirou o ar ao seu redor, tocou em seus cabelos, cerrou os olhos, fechou a boca e se jogou da janela do apartamento. O rapaz que ainda estava deitado deu um pulo tentando alcançar a moça, mas tropeçou e caiu de cara no chão.

Ele acordou com um susto. Procurava com os olhos saber onde estava quem adormecera ao seu lado. Olhou para janela e lá estava ela, vestida com um vestido curto, descalça, com os longos cabelos soltos, o vento soprava da forma mais agradável possível em sua face, em frente a janela, olhando a rua, os carros, as pessoas. Ela olhou para ele, ele dormiu novamente.

(caro leitor: tentarei ser o mais breve possível com duas palavras amor é maior do que paixão)
(porem ambos podem te destruir)

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