27 de outubro de 2010

roubado

Escrevo algumas palavras em um papel qualquer, quando chego em casa ponho em cima da estante e vou dormir. Quando acordo já não está mais alí. Meus pensamentos são roubados no exato momento em que eu os exponho.

18 de outubro de 2010

Uma súbita mutação do tempo

Hoje acordo e vejo que envelhecer além de ser uma condição é algo para controlar as pessoas.

"- Vamos nos separar."
Essas palavras soavam como em um sonho, porém real demais. Lembrava-me de todas as minhas percas e tentava me ver com mais essa. Parecia egoismo da parte deles, estou doente. Eu repetia isso, mas eles não pareciam se importar. O mundo estava decadente. Nas ruas os robôs atacavam os humanos e tudo parecia apenas um jogo, até alguém se ferir. Não era eu, apesar de saber de toda essa decadência, apesar de saber que a cada dia pelo menos 5 pessoas morriam por conta das brigas de rua contra robôs, não passava em minha cabeça o desejo de morrer assim. Eles estavam jovens, minha mãe com seus cabelos pretos de volta, meu pai com seu vigor sexual. Faziam planos: "Irei para São Paulo e ganharei na Mega Sena" "Ficarei aqui e continuarei trabalhando em casa". As pessoas mudaram, o pai do meu amigo era agora candidato pra prefeitura, prometia mais segurança contra os robôs, educação e a restauração do bairro. Seria egoismo dos casais? Já que nós, filhos, não pedimos para nascer, seria egoismo não termos direito de decidirmos algo para eles? Eles nos devem, não pedimos para nascer, eles nos devem. Mas se nós, estivessemos em um casamento com filhos, revogariamos nossa felicidade por conta dos filhos? Seria egoismo da nossa parte (filhos) exigir a infelicidade dos pais? Eu pedia para que eles me batessem, era melhor a dor física do que a sentimental, mas de nada resolvia...
De súbito percebi eles estão velhos. Hoje minha mãe e meu pai tem cabelos brancos, estão na casa dos 50 anos, fase da vida em que só se pode ser totalmente feliz com alguém do lado, com filhos, ou viver como minhas tias cuidando dos sobrinhos do meu tio.
Estão velhos, mas se tivessem sua juventude de volta fariam o que realmente queriam, viveriam mais.

Apenas um pesadelo.

10 de outubro de 2010

Negação

"Não nego... mas me recuso. Seria mesmo injusto da sua parte não querer me conhecer?
Enquanto algumas pessoas gostariam de me conhecer eu mesmo não dou esse direito à elas. Eu descubro que sou injuto como você! Mas afinal somos todos diferentes, seja em que ponto for.

Cruzo as ruas como de costume até que percebo que estou à frente de sua casa. Fecho os olhos e continuo o caminho sendo guiado por 'meu motorista' (você já deve estar sabendo quem anda dirigindo comigo). Não imagino nada, apenas me dilacero, me machuco, me mal-digo, me reprimo, me ignoro, ignoro tudo, penso em nada, mas penso em você, baixo minha cabeça para evitar qualquer visão, tampo meus ouvindo para não ouvir qualquer ruido, prendo a respiração para não lembrar do seu cheiro.

Não sou injusto, apenas não tenho tempo de conhecer algumas pessoas, mas seria possivel você ser que nem eu, seria possivel você se rebaixar a tal nível? Não consigo imaginar, é inconcebivel à mim ter tal pensamento. Ou sou superior em sua condição ou você é inferior na minha condição. Seria isso tudo uma questão de se mostrar superior ou algo que sem querer inferiorisa?
Paro pra pensar tais bobagens... Não, esqueça, meu dia foi bom.

Apenas quando cheguei em casa pude imaginar o que meus olhos poderiam ver.
A grama verde, as paredes brancas, os vidros relusentes e limpidos, quase transparentes, ou simplesmente toda a destruição, toda a decadência criada por minha cabeça. Poderia ver você ascenando, ou simplismente olhando pela janela, a sua janela, eu me jogaria dela em minha condição, cuidando das plantas e rindo como se aquilo fosse a coisa mais bela do mundo, e você sabe que já viu coisas melhores... me pergunto se você gosta de sofrer continuando aqui, continuando no meu pensamento e nas minhas linhas, continuando nesse mundo, e nessa cidade suja, onde só você conhece os lugares limpos, e é por isso que sempre sorri, você sabe de algo que eu não sei, e se nem sequer pretende me conhecer nem sequer pretende compartilhar.

Mais uma vez eu digo que nada você perde continuando onde está e vivendo onde está. Eu e somente eu, sei que se algo que esta sendo perdido essa perdição é minha, eu que estou perdendo de alguma forma alguma coisa, algumas informações e algumas felicidades, que eu poderia mutio bem ganhar com outras pessoas. Mas meu ser não deixa, de forma alguma, me forço, tento, brigo comigo mesmo, mas parece que esse sentimento por você insiste, apesar de até eu já odia-lo...

Amor e Odio, odeio te amar e amo te odiar. Mas não te amo, o amor deve ser algo mais forte"

Correspondências não Respondidas