15 de fevereiro de 2018

Ponto v

Eu descobri que possuo algo lindo e raro.
Algo que por muito tempo ignorei por não achar importante ou belo, mas que se projeta de forma natural e sincera.
Em certos momentos achei que talvez isso fosse um defeito muito grande, mas eu estava enganado. Estava enganado pois descobri que muitas pessoas querem isso, querem por não possuir.
Em um período não tão distante, quando eu aprendi a gostar disso, eu achei que eu pudesse dividir em pequenos pedaços e espalhar por aí. Eu me enganei. Meus pedaços voltaram piores do que foram... As pessoas fingiam empatia, fingiam interesse e fingiam que gostavam. Enquanto elas não descobriam o que era ou não conseguiam o que queriam elas ficavam por perto fingindo que me ouviam. Eu me sentia querido, porém estava rodeado de olhares que não me compreendiam. Eu alimentei essas pessoas até perceber que eu estava perdendo o que me torna único. Alimentei até perceber que meus pensamentos não eram os mesmos de antes, eles vinham em função de algo que não me era necessário antes. Subitamente comecei a querer agir só para agradar os outros e pessoas mais perversas se aproximaram. Eu me sentia bem até me ver dentro de um jogo que eu não queria participar.
Toda coisa boa que aconteceu nesse período eu agradeci. Evitei ao máximo mostrar como as pessoas virtuais estavam me fazendo mal.
Não fingi felicidade, tenho pessoas maravilhosas que convivem comigo e que protegem isso que tenho de raro... Eu só fingi que não estava tão afetado assim.
Aprendi. Tenho que guardar isso novamente, dessa vez está mais protegido.
Só tenho espinhos pra quem quer me fazer mal.

2 de fevereiro de 2018

La passion

Alvaro:
A paixão é uma coisa muito perigosa pra mim. Passei a adolescencia me apaixonando por gente que não me queria e só me rebaixava. Quando eu comecei a ter relações recíprocas eu percebi que eu gosto de ter minha liberdade e independência, e ninguém nunca entendeu isso.
Em uma época da minha vida a depressão surgiu e tomou conta, uns 8 anos atrás. Passei anos em terapias, indo a médicos, tomando remédio, fazendo tudo certo. Não conseguia encontrar um motivo ou um gatilho pras minhas tristezas.
A uns 2 ou 3 anos eu comecei a me observar mais e a refletir mais sobre mim e não sobre o meu redor. Quando meu corpo começa a produzir os hormônios pra paixão minha cabeça começa a doer, tenho pensamentos obsessivos por horas, tenho sonhos, faço coisas pensando na pessoa... Mas nem consigo chegar perto. Fico sofrendo de longe que nem eu fazia antigamente, quando eu chego perto eu não consigo desenvolver. É o medo da rejeição de novo, é não saber lidar com essa paixão depois que percebe que não é correspondida. É o medo de destruir essa noia, medo dela virar algo maior, medo de ficar mais triste, medo de chegar no buraco de novo.

O que tá ao meu alcance é deixar passar, tentar esquecer e viver a vida como se isso não afetasse. Não é que eu seja uma pessoa romântica, não sou, não idealizo, não quero casar nem viver junto, tenho um pouco de aversão a isso. É talvez uma necessidade física ou sexual que eu não consigo suprir e sofro por isso.

Eu queria que isso não me afetasse pq eu sei que pra algumas pessoas isso é um detalhe isso não mágoa e isso não tem importância. Mas eu não sou igual.
Tô cansado de me apaixonar