29 de julho de 2010

Machuca

"Você me machuca, sem nem ao menos me tocar, sem nem ao menos falar comigo, sem nem me notar, sem nem me ligar, sem nem mandar mensagem, nem cartas, nem fotos, nem e-mails, olhares, gestos, comprimentos, beijos, carícias, sem nem ao menos lembrar que eu existo...

Você me machuca por existir, ou por fazer que eu tenha tido conhecimento da sua existência, por saber que você existe, por saber em parte "o que você é", "o que você foi", por sentir vontade de participar do seu "o que você vai ser".

Tudo lembra você: os momentos, as roupas, os sapatos, os cheiros, o meu, o seu, pessoas, carros, lugares, comidas, livros, filmes, objetos, minhas roupas, minha cidade, outras cidades, lugares, poucos lugares talvez, datas, atividades físicas, faculdades, pessoas, outras pessoas, números, fotos, comentários, músicas, músicas, e mais músicas, uma estação de rádio, dias nublados, caminhos, a serra, a tão pacata serra, os riscos no céu, as luzes da cidade, as avenidas, as bebidas, parei de beber.
Quando bebia eu conseguia sentir o tamanho da sua existência comparada a minha, a importância (tola) que eu dou a você, e o conhecimento que você não sabe nada sobre mim, e que não sente curiosidade em saber.
Te dou razão, não existe nada de curioso em alguém imaturo como eu, em alguém novo.
O medo da repetição, a repetição também me assusta, a repetição me cansa, me estressa, me deprime, reprime, enfraquece, empobrece, a repetição pesa, um peso sem valor exato, nada exato.

Esse sentimento bobo... eu preciso saber se é bobo mesmo, se realmente estou certo em relação ao que penso sobre mim mesmo...

Podemos tentar, eu posso, prometeria a mim mesmo viver sem pensar no futuro, pois quando se tem alguém que você possa transmitir todos os sentimentos todas as outras coisas se tornam simples de fazer, como estudar, andar de carro, escrever, sentir ...

Não machuca, mas eu prefiro ficar machucado agora do que me decepcionar depois... Mas estaria disposto a me machucar depois e me decepcionar agora...

A unica coisa que eu queria era que os anos se passassem mais rápidos do que um piscar de olhos, e que não houvesse preocupação se esse piscar de olhos demorasse muito."

Correspondências não Respondidas... Cartas para os mortos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

não seja rude